Um dos maiores desafios do designer é encontrar um briefing bem preenchido para dar inicio a um projeto. Infelizmente esse tipo de problema pode causar a sensação no cliente que o profissional possa parecer “preguiçoso” por exigir que o trabalho venha todo mastigado para ele. Essa é a realidade que às vezes enfrentamos e que dificulta muito no entendimento do projeto e faça surgir estresse em ambas as partes e exigir um esforço maior para chegar no objetivo final.
Um dos exemplos que sempre conto de como o briefing é na verdade o melhor amigo do cliente e do designer é quando trabalhava criando para uma das maiores lojas de E-commerce do Brasil. Imagine a quantidade de peças produzidas para uma uma loja que vendia desde meias até viagens e que a cada feriado criava campanhas com ofertas que normalmente mudava toda a comunicação visual padrão de suas peças de mídia.
Eu produzia de 200 a 400 banners mensais em ocasiões normais e a maioria deles tinham variações em ser gif animada, flash e estático, fora que cada portal a ser entregue tinham suas peculiaridades. Em épocas como natal, dia das mães e outras datas comemorativas, esse numero chegava a dobrar.
O pedido de job às vezes chegava incompleto.
“Preciso de uma campanha para um Monitor Cardíaco X, de R$400,00 por R$349,90 em 10x sem juros de R$34,99”.
A partir desse momento, podemos ver uma troca grande de e-mails começando por:
– Esse banner faz parte da campanha padrão ou de alguma outra campanha?
– Sendo uma campanha nova, que linha de arte é para seguir (E-commerce, da marca Polar, alguma data comemorativa?)
– O cliente decide que essa campanha é para o dia do esportista, então uma nova arte deve ser criada e mais trocas de e-mail até a aprovação da nova campanha.
– Que foto de produto devemos usar? O produto tem 4 cores diferentes… e assim por diante.
“Preciso de uma campanha para um Monitor Cardíaco X, de R$400,00 por R$349,90 em 10x sem juros de R$34,99”.
A partir desse momento, podemos ver uma troca grande de e-mails começando por:
– Esse banner faz parte da campanha padrão ou de alguma outra campanha?
– Sendo uma campanha nova, que linha de arte é para seguir (E-commerce, da marca Polar, alguma data comemorativa?)
– O cliente decide que essa campanha é para o dia do esportista, então uma nova arte deve ser criada e mais trocas de e-mail até a aprovação da nova campanha.
– Que foto de produto devemos usar? O produto tem 4 cores diferentes… e assim por diante.
Depois de pronta, a peça aprovada deveria ser replicada para outros 20 tipos de banners – jpg, gif e flash. E no final do projeto, foi necessário incluir um asterisco com texto legal dizendo que a oferta era válida apenas pra SP e RJ, o frete era grátis para compras acima de X reais. Os 20 trabalhos deveriam ser refeitos.
Muitos podem pensar que o designer reclama muito quando tem uma alteração, mas imagine se isso é para apenas um produtos de uma campanha que tem ao menos uns 20 produtos diferente. Imagine ter q refazer em poucas horas aquilo que foi feito em dias por causa de uma pequena informação que vai ser adicionada mas vai mudar a diagramação de todo o material.
Muitos podem pensar que o designer reclama muito quando tem uma alteração, mas imagine se isso é para apenas um produtos de uma campanha que tem ao menos uns 20 produtos diferente. Imagine ter q refazer em poucas horas aquilo que foi feito em dias por causa de uma pequena informação que vai ser adicionada mas vai mudar a diagramação de todo o material.
Essa falta de informações nos pedidos geram estresse entre o cliente e o designer, mas como outras pessoas no processo, atendimento, mídia, portais, etc. A correria pode gerar a erros que por vezes acabam sendo piores, como preço errado, foto errada de produto, erro de digitação, etc.
O que depois de alguns meses trabalhando nesse processo, percebi que gastava mais tempo refazendo trabalho do que realmente produzindo e decidi que precisava otimizar o processo. Criei um modelo de briefing que cobria todas as necessidades de cada peça que o cliente pedia. Cada campo tinha o nome do produto, a foto a ser usada, o preço de, o preço por, as condições, entre outras informações mais que cada peça tinha, inclusive suas particularidades. Ela abrangia tudo que tive conhecimento nesses 3 meses, o que ajudou muito, mas entendendo mais de perto a necessidade do cliente eu consegui ajuda-lo mais do que me ajudar no final das contas.
E nessa hora eu adoro me gabar que os projetos fluíram que foi uma maravilha. As peças eram aprovadas de primeira, o estresse no atendimento e a pressa de entrega foi reduzida a ponto de entregarmos as vezes com dias de antecedência. O cliente se sentiu feliz por ter já uma formula pronta para a sua necessidade, e ser lembrado de questões que eram importantes, porque no dia a dia da rotina dele, nem sempre ele é obrigado a lembrar que algumas condições precisam ser inclusas, mas se você tem um material que lembra ele dessa necessidade, isso faz com que o processo seja fluido.
E ao sobrar mais tempo, o envolvimento com o cliente ficou até melhor, pois agora tinha mais tempo para criar peças diferentes, e para a agência foi ótimo pois tinha sobrado mais tempo para me envolver com outros projetos.
Por 3 anos eu trabalhei com essa conta, e nesse período todo eles utilizavam meu modelo de briefing.
Eu tento aplicar esse tipo de necessidade em cada trabalho, pois como designer eu não sou a pessoa certa a gerar o conteúdo, a saber da estratégia de vendas, de saber preços e condições que ficam a critério de pessoas que estão trabalhando dentro da empresa. A minha parte de solução é gráfica. Eu ajudo o cliente a destacar de melhor forma as informações que ele quer vender. A deixar uma leitura leve, a destacar os call to actions que façam o cliente ter desejo de adquirir o seu produto. Mas o designer não é a pessoa que vai gerar o conteúdo e saber de acordos que foram feitos entre cliente e fornecedor – como qual foto que pode usar na campanha, por exemplo.
O briefing tem essa importância ao ajudar o cliente a se focar em questões importantes que possam ser esquecidas, ou que as vezes não foram questionadas. Ajuda também a criar um repertório onde o designer possa criar uma solução para a peça a ser criada, por exemplo, que material seria melhor para divulgar numa feira de negócios.
Muitas vezes recebi e-mails que começavam assim: “Preciso de um site, você pode me passar um orçamento?” E quando começava a conversa para entender melhor a necessidade do cliente, entender melhor o negócio e assim começar a traçar um plano, antes de tudo, o cliente desista porque tinha feito 5 perguntas e não tinha passado o orçamento. É praticamente impossível orçar um site sem saber que tipo de site é, suas funcionalidades, sua dimensão, cada projeto é único, e por isso essas perguntas são muito importantes.
E por isso eu enfatizo que ao iniciar um projeto, venda seu negócio ao designer, explique sua empresa, suas dificuldades, o que você gostaria de melhorar, o que o concorrente tem de legal que você gostaria de fazer melhor.
Nós designers estamos aqui para melhorar sua marca e a identidade de seu produto, a criar soluções criativas para seu negócio, a mostrar caminhos que possam ser tomados dentro de um budget, mas se falta a informação necessária, o projeto não caminha.
Não esqueça, o briefing é o seu melhor amigo!